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Entenda um pouco a trajetória do diabetes

A primeira descrição da doença que hoje é conhecida como diabetes mellitus (DM) ocorreu em 1552 A.C. nos papiros de Ebers do Egito antigo, que descrevia sobre uma “doença em que o indivíduo urinava até a morte” devido aos sintomas clássicos de poliúria e emagrecimento. Mais de mil anos depois, aproximadamente 70 D.C., Areteus da Capadócia nomeou a doença com o termo de “diabetes”, do grego sifão, objeto que drena água, devido seus principais sintomas de polidipsia (alta ingestão de água) e poliúria (alta eliminação de urina), que com pouco ou nenhum conhecimento na época, seu prognóstico não era dos mais favoráveis, com alta taxa de mortalidade e baixa expectativa de vida. Por séculos o diabetes permaneceu uma incógnita e sem cura ou tratamento, com pouco ou nenhum avanço até a Era do Renascimento (Ahmed, 2002; Engelhardt, 2012). Brunner em 1682 verificou que a retirada do pâncreas provocava poliúria e polidipsia, sem correlacionar este achado com o diabetes. Em 1769, Cullen acrescentou ao termo diabetes o adjetivo mellitus, devido a urina ter caráter adocicado semelhante ao mel. Em 1869 Langerhans, aos 22 anos, identificou e descreveu as ilhotas pancreáticas que levam o seu nome até hoje e em 1889 Von Mering e Minkowski retiraram o pâncreas de um cão e realizaram a primeira experimentação animal (sem saber) na qual relataram o papel do pâncreas no metabolismo da glicose.

No final do século XIX (19), Opie (sobrenome de algum cientista) notou que as células β  (beta) das ilhotas pancreáticas estavam alteradas em pacientes com o diabetes. O fisiologista inglês Sir Sharpey-Schafer's identificou uma substância produzida nas ilhotas pancreáticas denominando de insulina, derivativo do latim insula (ilha), que estava ausente em pacientes com ‘diabetes insípidus’. Elliot Joslin (1916) publicou a primeira edição do Treatment of Diabetes, referência para as décadas seguintes, o que o tornou porta voz mundial do diabetes sendo homenageado post mortem com a criação do Joslin Diabetes Centre. Em 1920, um jovem cirurgião, Frederick Banting, e seu assistente, Charles Best, trabalhando na Universidade de Toronto sob a coordenação do professor Macleod administraram em um cão pancreatetomizado (sem pâncreas), um extrato ativo de seu próprio pâncreas e observaram queda da glicose no sangue (Macleod, 1922a) (Macleod, 1922b) (Figura). No ano seguinte, a insulina foi purificada e administrada num paciente a fim de tratar o DM, o que reduziu os sintomas de Leonard Thompson (1908 – 1935) com 14 anos na época, indo ao óbito aos 27 anos de idade em 1935 por complicações tardias relacionadas ao DM. A comercialização da insulina foi realizada pela Eli Lilly and Complany (USA) sendo o uso clínico da insulina considerado um dos maiores marcos da medicina (Ahmed, 2002; Engelhardt, 2012; Libraries, 2012; Lakhtakia, 2013; Ada, 2014; Library, 2017).

A partir da década de 50, iniciaram-se grandes avanços na área da diabetologia, com a descrição da estrutura molecular da insulina e da introdução da tolbutamida, como o primeiro fármaco antidiabético oral da classe das sulfoniluréias, utilizado até os dias atuais. Apenas na década de 70, foi proposto o mecanismo pelo qual a insulina reduzia a glicemia com a captação de glicose através da ativação receptores (Kahn et al., 1974), e posteriormente através da translocação dos transportadores de glicose (GLUT) a membrana plasmática (Cushman e Wardzala, 1980; Suzuki e Kono, 1980). Nas décadas seguintes várias novas classes de medicamentos antidiabéticos foram introduzidas melhorando a qualidade e expectativa de vida da população com DM.

Figura: (A) Anotações da página 82 do caderno de protocolo de Banting; (B) cachorro de n.º 410, realização da primeira experimentação animal em modelo de cão pancreatomizado, foi a primeira vez que a insulina foi testada em um organismo vivo em 1920; (C) Leonard Thompson aos 14 anos junto a sua mãe antes do tratamento com a insulina em 1921, (D) Leonard Thompson depois do tratamento com a insulina em 1922 e (E) Frasco do primeiro lote de insulina vendido comercialmente.

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